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O tal do empreendedorismo (#14)

Empreender é bom demais e, como tudo que é bom, da trabalho. E cobra seu preço. Spoiler: custa caro. A grande questão que pondero nos últimos 6 meses é: vale a pena?

“Caro” é uma questão relativa, subjetiva. Depende de uma série de fatores. O que é consenso, porém, é que o valor (não necessariamente monetário) é dado da relação de custo e benefício. E é sobre essa linha que farei minha ponderação. E por favor, não tome como verdade absoluta. É, em última instância, uma análise através das minhas lentes, no meu momento atual.

Algo sobre a minha personalidade é um fato: eu não sirvo pra apenas apertar parafusos. Não nasci para trabalhar em algo que farei aquilo e apenas aquilo durante toda uma vida e é isso. Não me entenda mal: não tenho absolutamente nada contra. Só não me serve.

Empreender me abriu muitas, muitas portas. Conheci pessoas incríveis, naveguei em ambientes desafiadores. Aprendi os aspectos contábeis, fiscais, legislatórios, processuais e humanos de um negócio. Humano. Sim, humano.

Atingimos resultados interessantes na empresa: começamos da cozinha de casa e fechamos 2022 com um faturamento acumulado de quase 1 milhão de reais (2019-2022). Pensando de onde eu e a Dani viemos, isso é surreal para nós. Mas gastamos, como empresa, mais do que isso. Os números não estavam fechando. Muito potencial, sim, mas… onde eu estava errando? Por que diabos não ganhávamos dinheiro?

Isso me consumia. Mês após mês, lutamos pra sobreviver. Fazíamos das tripas coração e ainda assim, a sensação era a de nadar, nadar e não sair do lugar. Isso estava me destruindo: física, mental e emocionalmente. Conversei com minha esposa, contei o que sentia.

Me peguei tentando viver uma realidade que não era a minha. Frequentemente comparava o meu palco com o de pessoas que tinham um por trás das cortinas completamente diferente. E isso me adoecia. Adoecia pois me sentia inapto, incapaz, fracassado. “Como elas conseguem e eu não?”, me peguei mais de uma vez pensando. Mas ei, não é pra ser assim! Cada um escreve sua história. E decidi tomar as rédeas da minha. Ou tentar.

Decidimos que fazia sentido diminuir o ritmo. “Desistir jamais!” Será mesmo? Percebi que não devíamos desistir de nós, de nossa família e nossa prioridade: nossa crença do que teremos após essa vida. Todo o resto deveria ser um meio, um facilitador para esse objetivo. Mas me peguei esquecido do que realmente me movia, do meu propósito. E então recalculamos a rota.

Visando o profissional e pessoa que quero ser em alguns anos mas, sobretudo, onde queremos estar enquanto família, tomei com minha esposa a decisão de vender uma parte minoritária do nosso negócio (5%, com uma opção de compra de mais 5% em uma data determinada, com o mesmo valuation). Decidimos também que eu voltaria para o mercado. Sim, eu estava me demitindo. Não desistiríamos da empresa, não, mas o foco esse ano seria o de ao menos fechar no zero a zero, sem prejuízo, ao passo que surpríamos nossas necessidades pessoais.

Ao “me demitir” do meu próprio negócio, diminuiríamos em 2/3 os custos fixos da empresa: sem meu salário e plano de saúde, a empresa teria mais recursos para, mesmo que devagar, seguir. E nos planejaríamos.

Se vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Mas decidi parar de me comparar com os outros e me comprar apenas comigo mesmo. Ou tentar. E olha… tem dado um orgulho danado!

É, ainda tem muito a ser feito. Mas será um passo de cada vez, no nosso ritmo. No nosso ritmo.

Por Qaiq Alves

Pai, marido, empreendedor e curioso. Nessa ordem. Sou apaixonado por comunicação, pessoas e o difícil, porém valioso processo de tornarmos melhores versões de nós mesmos. Sem romantizar, compartilho minha jornada em busca de encontrar minha própria melhor versão.

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