Categorias
Uncategorized

“Limpa primeiro o interior” (#15)

Enfim, o fim de 2023 findou. Que ano! Uma frase que já citei em outras oportunidades define bem o que foi pra mim esse período gregoriano de 365 dias:

“A realidade é um tapa na cara.”

Eu estou extremamente cansado. Na verdade, estou cansado de estar cansado. Numa recente “trocação saudável” com meu sócio, ele disse: “cara, você está sempre girando muitos pratos, você está sempre correndo, atrasado. Você está sempre exausto.” Ele está certo e não assumo isso com orgulho. Com vergonha, na verdade.

No fim do ano passado, estávamos quase quebrados. Esse ano muita coisa mudou, mas o cenário não é muito diferente. O que mais me preocupa, porém, é que estou “quebrado” onde eu queria estar mais fortalecido e sólido do que nunca: meu relacionamento familiar. Estamos à beira do divórcio.

Neste exato momento, escrevo na cozinha da minha mãe, em Joinville. São 01:23h, já é madrugada. Eu não consigo dormir. Não apenas pelo calor e esses benditos “maruins” que me comeram vivo dois dias atrás, mas porque briguei com minha esposa. Mais uma vez. E sim, de novo por coisa besta. Mas algo que eu fiz me arrependo amargamente: eu fui extremamente rude com ela. No auge de meu nervosismo, a chamei de insuportável. É óbvio que ela não é. Mesmo que o fosse, eu não deveria ter feito isso. Eu perdi a mão, perdi o controle.

Por conta disso, decidi imediatamente tentar algumas novas coisas para esse próximo 2023, motivado por uma escritura que li ainda no começo do ano, em meus estudos pessoais.

23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e desprezais o mais importante da lei: o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.

24 Condutores cegos! que coais o mosquito e engolis o camelo.

25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e iniquidade.

26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.

27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundície.

28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidade.

Mateus 23:23–28

Eu tenho muita coisa pra corrigir. Eu e minha esposa estamos como que como um vaso quebrado. Preciso botar esses cacos de volta ao lugar, ou pelo menos tentar. Talvez não consigamos esconder as cicatrizes, talvez, mas sinceramente não sei se precisamos. Como um kintsugi, se formos capazes de ajuntar esses cacos, serão justamente as cicatrizes que trarão beleza.

Sinceramente, não sei se consigo. Quero muito, mas me sinto fraco, orgulhoso. Não estou aqui pra vestir capa de super herói. Na verdade, estou me botando à luz da minha fragilidade, do reconhecimento de minha incapacidade e nulidade.

Se conseguiremos ou não, só o tempo dirá. Eu só não consigo sozinho. Então… como? Não tenho essa resposta, apenas o desejo e um ímpeto que respira por aparelhos e se esconde internamente, em algum lugar remoto, ansioso, ávido para ser resgatado.

Por Qaiq Alves

Pai, marido, empreendedor e curioso. Nessa ordem. Sou apaixonado por comunicação, pessoas e o difícil, porém valioso processo de tornarmos melhores versões de nós mesmos. Sem romantizar, compartilho minha jornada em busca de encontrar minha própria melhor versão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *