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O bom filho à casa torna (#2)

Como já sabido, o objetivo deste blog é que eu registre minha busca em descobrir onde, e como, eu posso contribuir de forma mais eficaz. Essa jornada de descoberta vocacional, embora difícil, tem sido interessante.

Em 2020, com o início da pandemia, muitos medos pairaram sobre mim e minha esposa. Ela estava grávida, mas eu tinha um bom emprego, numa companhia de prestígio global. Em paralelo a tudo isso, tínhamos ainda nosso pequeno negócio e no mês de abril tivemos, até então nosso melhor mês: com a páscoa, vendemos pela primeira vez uma quantia superior a R$10.000 em um mês. Pode parecer pouco pra você, que fatura isso em um dia em seu negócio de escala espacial. Mas para nós, naquele momento e contexto, fazendo tudo da nossa cozinha, foi uma grande conquista.

Ok, se estava tão legal, qual a razão do medo? Instabilidade. Em maio, devido ao grande impacto exigido pelo distanciamento social (necessário, evidentemente), a Uber precisou demitir 7 mil funcionários no mundo todo. E eu fui um deles. Perderíamos o excelente plano de saúde, o salário certo e alguma segurança. No dia 18 de maio, dia em que fui notificado, eu chorei. Chorei com medo, me sentindo frágil e sem saber se conseguiria dar alguma dignidade à minha esposa e futura filha. No mesmo dia, porém, vi a luz: temos já um negócio validado.

Esse pensamento fez com que, após me aconselhar com minha esposa, decidíssemos focar no negócio. Crescemos mês a mês até meados de Agosto/Setembro. Porém, eu era inexperiente, tinha uma filha recém nascida, uma esposa dando seu máximo mas sendo extremamente testada com uma filha exigente. Eu me senti fraco. Tive um burnout.

Analisando meus resultados, eu sabia que eu precisa melhorar ainda muito como gerente e gestor de minha própria empresa. Estávamos começando a reforma da nossa futura loja (finalmente tiraríamos a produção de dentro de casa), o que também fez com que gastássemos uma quantidade considerável de nossos recursos (de fato, gastamos toda a reserva e contraímos dívida nos cartões de crédito). Nesse contexto, surge uma oportunidade.

Fui contatado pela Uber. Inicialmente, apliquei para uma vaga de Executive Assistant. Fazia muito sentido pra mim: eu acompanharia diretores, os veria agindo… eu poderia diariamente aprender com eles e então aplicar em minha empresa. Mas não passei no processo. Foi então quando a recrutadora me ofereceu outra vaga, que também acreditava que fazia sentido para meu perfil: Talent Coordinator.

De forma resumida, eu seria o responsável por prover a melhor experiência possível aos candidatos, sendo a conexão entre eles, recrutadores, hiring managers e outros stakeholders. Poder estar em contato com tantas pontas diferentes me soou extremamente interessante. Em paralelo, eu poderia utilizar todos os recursos que eu já sabia haver na Uber para desenvolver-me. Aceitei o convite, entrei no processo e recebi uma oferta. A aceitei.

Hoje é meu primeiro dia nesse novo cargo. Estou muito animado! Foi uma decisão que fez sentido pra esse momento: terei a oportunidade de me desenvolver como pessoa, profissional e líder ao mesmo tempo em que terei um maior conforto financeiro e poderei, inclusive, usar isso em meu negócio. Será interessante ver como lido com tanta coisa ao mesmo tempo. Vamos ver como será.

Por Qaiq Alves

Pai, marido, empreendedor e curioso. Nessa ordem. Sou apaixonado por comunicação, pessoas e o difícil, porém valioso processo de tornarmos melhores versões de nós mesmos. Sem romantizar, compartilho minha jornada em busca de encontrar minha própria melhor versão.

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