No exato momento em que rascunho este post, o faço com o celular e com apenas uma mão. No outro braço, amorosamente envolta, tenho minha filha. E estamos numa cadeira de um quarto de hospital.
Na terça ela voltou da creche com febre. Nos dias seguintes evoluiu e ontem, sábado, após a levarmos no pronto socorro, fomos impedidos de sair. Ela ficou internada. Bronquiolite.
Parte do tratamento aqui, para que não evolua a uma pneumonia, consiste, a cada três horas, em enfiar uma fina tubulação em suas narinas para fazer aspiração de secreções. Nestes momentos, eu e minha esposa precisamos segurá-la, que se debate violenta e desesperadamente, chorando e nos olhando, implorando por clemência.
Por mais de uma vez os fluídos saíram de suas narinas com sangue. E eu sangro junto. E choro. Mas apesar de minha vontade de impedir o suplício e simplesmente abraçá-la, preciso me certificar que ele aconteça até o final. O motivo é relativamente simples: apesar da angustiante dor e profundo incômodo causados por esse processo, ele é necessário para o bem, recuperação e fortalecimento dela. Ela hoje é incapaz de entender, mas eu o sei. E o Senhor também o sabe.
Embora este post não tenha cunho e propósito religiosos, não posso deixar de traçar um paralelo com minha crença. Isso faz parte de quem sou. E uma parte extremamente profunda e importante.
(Pausa, ela começou a chorar.)
Após uma das sessões de aspiração, me peguei refletindo. Não é exatamente isso, em suas devidas proporções e contexto, o que passamos nessa busca de descobrir a verdadeira e melhor parte de nós mesmos? Não é exatamente assim com as mais excepcionais conquistas, que só vem após, muitas vezes, esforços excruciantes? Bom, pelo menos é algo semelhante a isso o que tenho passado. E acredito não ser exceção.
Em minha crença, acreditamos que o Senhor está ansioso para nos abençoar. Ansioso. Mas por que, então, Ele tem me deixado durante os três últimos anos bater cabeça, tomar decisões erradas e, algumas vezes, sofrer tanto? Creio que, assim como eu com a Catarina na situação de hoje mais cedo, Ele vislumbra o fim, algo que hoje sou incapaz de fazê-lo. Sou grato, porém, por, finalmente, entender o motivo de algumas coisas.
Todas as diversas experiências que tenho tido estão convertendo para a construção de algo que ainda não faço ideia, mas estou ansioso para chegar lá. Sou grato por poder aprender e me fortalecer no processo.
2 respostas em “Why is that so hard? (#1)”
Tudo isso me faz voltar no passado e relembrar situações semelhantes que vivi com você. E assim como você…ela vai superar cada desafio e vencer cada obstáculo. E você é a Dani são incomparavelmente mais preparados que eu fui. Vai dar tudo certo. Já está dando…faz parte do processo🙏
Realmente, nesses momentos que as vezes são tão dificieis e frustantes eu sempre me apego ao fato de saber que o Senhor me ama, então o que esta acontecendo Vai me ajudar de alguma forma.